sábado, 19 de novembro de 2011

Naufrága á deriva.





“Eu desenhei, rabisquei inúmeras palavras, esbocei milhares de sentimentos que eu pudesse traduzir com este meu pequeno vocabulário, mais é certo e não vos escondo que não sou poeta, eu vivo e sinto emoções diversas como todos. Mas esta solidão me toma, e mesmo sem saber a escrevo. Este mar revolto me abate, me ganha e me conduz ao puro naufrágio, estou á deriva a espera de um socorro, mas é perceptível que o farol não me alcança e meus prantos não podem ser ouvidos. Desejo por instantes desaparecer, tornar me sal deste mar, sem vida, sem função a exercer. Seria menos doloroso se um pássaro fosse, voaria pelos céus, e nada me tomaria desta forma, mesmo que meu canto não fosse apreciado. Escrever sobre estes meus olhos borrados, me quebra, morro em cada uma dessas palavrinhas, que jogadas aqui neste pedaço de papel, formam-se um poço de tristeza, onde vos carrego e trago-os até aqui, e se souberes me ler, estarás, antes de fechar os olhos para mais uma piscada, neste mar junto a mim, e seremos dois náufragos. Me sinto egoísta por trazeres até meu lugar de sofrer, por sentires minha dor, mas portanto peço que vós sejais mais e não se importais. O sol, no alto do céu, com seus raios me queima, mas meu coração arde mais, está em chamas, antes fosse por paixão, mas não desta vez. Me pergunto se deste mar pescarei algo, se levarei qualquer lição deste castigo. Meus olhos agora se fecham e silenciosamente deixo as ondas me carregarem, e mesmo que não haja sentido qualquer escrevo sobre meu caos.”
Natália Bap

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