terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Amargurando só, e só.


“Com o tempo fui me desgastando, de tom em tom. Fui perdendo a cor, o som, fui amargurando meus rabiscos, encharcando meus olhos, fui me enterrando em meio as flores. Este livro dentro de mim estás rasgado, faltando páginas e páginas. O coração quanto mais bate, mais arranha. As asas voaram sozinhas para longe, os portões estão fechados. Com o tempo fui me perdendo, em cada bosque perdia um pedacinho de mim, em cada jardim fui deixando-me perder. Fui esquecendo de decorar meu cantinho, de perfumar meu vazio, fechando as janelas, escurecendo o que antes tanta luz havia. Fui engasgando com tanto rancor, despetalando com tanto desamor, morrendo por prender tanto os sonhos. Fui doendo tanto que sumi, e ninguém quis me encontrar.”
Natália Bap

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