terça-feira, 20 de dezembro de 2011

E quem diria, mas esta sou eu.


“Mas e se eu não souber o que dizer? E se eu gaguejar?
 As palavras são tão pouco quando se trata de toda essa imensidão. Escreveria um livro, e ainda seria miúdos, migalhas de sentimentos. Me exprimi para caber neste pequeno verso, sempre fui tão gigante em coração, não sei como coube. Mas porque sempre guardei tudo em mim, bens ou maus.
Como descrever? Minha linguagem tão limitada a dor, flor e amor… Rabisquei em todo o caderno e nada posso aproveitar. Se estas perguntas aqui fossem respondidas…
Talvez a mágica da escrita se vá quando precisamos chorar em palavras. Ou não sabem nos aproveitar quando queremos ser amadas. Desenhar nossas curvas em letras cheias, marcadas de nós.
Mas se for falar de mim, não terei rimas verdadeiras. Nunca soube ser inteira e sã, nunca soube ser real. E escrevo porque não sei dizer. Mas digo ao não saber escrever. E cantarolo quando não sei ser. E quando sei, apenas sou. E é difícil ser sol e ter de se pôr, e ser noite e ter de amanhecer. Ou ainda ser criança e ter de crescer. Mas pior de tudo é ser poeta e não saber amar, ter amor e não entregar.
Me sentir satisfeita espremendo tudo é incabível. Me encaixar no vazio, me encharcar no seco. Vivo compulsiva para sentir os olhos brilharem mais uma vez. Escrever mesmo com o peito doendo, relembrar e cutucar cada ferida, só para saber se ainda machuca. Só para parar de doer.
Mas quando tornar-me poeta, escreverei versos e poemas, onde em cada vírgula me sentirás, onde serei inteira num só ponto de exclamação. A profundeza das palavras bonitas caberá em cada espaço do meu cartão. E eu aprenderei a caber em qualquer sentimento, em qualquer escrita. E quem me ler, este será sortudo, receberá todo sentimento marcado na caligrafia, na tinta ainda fresca.
E quem sabe eu não aprenda a terminar? Colocar alguns pontos finais, por fim em alguns mistérios ou usar deles em mais linhas.
Mas as palavras continuam sendo tão pouco para todo essa gigantesca menina, que aprende a recitar. E quem diria, mas esta sou eu.”

Natália Bap

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