terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Morrer de amor, poeta sou.


“Deixe-me beber deste cálice, este antidoto que me deste. Deixe-me embebedar de amor, porque é deste porre que quero morrer. Falecer aos poucos, perdendo os sentidos. Morrer de amor sempre me pareceu tão tolo, mas agora eu sou a própria tolice, e nada faz sentido de qualquer forma. Não me importo com a ressaca que me acordará na manhã seguinte, e nas manhãs que precederão. Não me incomoda o fato de sonhar acordada, de ver os mesmos rostos em cada cantinho deste céu, já não sou mais dona de mim, e isso me assustava, agora eu não temo. Corro risco, sim eu sei. Posso cair deste penhasco, me machucar, mais o amor levou minha razão, não penso nas consequências, simplesmente não penso em nada. Pedem para que eu tenha calma, mas não sei fazer. No fim estes sentimentos matar-me-ão, eu sei que vai doer, que meu peito irá se rasgar no fim, mais talvez seja isso que eu queira. O amor enfraquece meus atos, toma o fulgor da minha vida, e este desmazelo me corrompe. Me entrego sem que peças, me deixo levar. Minha existência para nada mais faz sentido, vago por este mundo, como um sonhador perdido. A morte vai chegando, calmamente como só ela sabe. Vai secando a vida que se desfaz, vaza por entre minhas mãos, vai se desvairando até tornar-se muda, a luz se vai e esse pretume acolhe-me, abraça minh’alma e adormece meus sonhos. O nada me alegra, me banha de emoções, me despede de tudo, me guarda no céu, no leito dos pássaros. Já não existe o eu e nada do que plantei vingou.”
Natália Bap

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