terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Quando se torna vazia.



“Desencantou-se, abandonou os sonhos e fugiu. Mas para onde foi? Deixou gravado nas memórias seu sorriso e sua doçura, espalhou amor, deixou saudades. Fechou todas as janelas que levavam sua visão para o jardim, trancou seu quarto, rasgou todas as telas, queimou seus vestidos. Apagou todas as lembranças, acendeu as velas, deixou as flores murcharem. Não derramou nenhuma lágrima, não elevou nenhum suspiro, apenas partiu. E todos os pássaros acostumados a voar com ela, agora se perguntam o que lhe arrancou o coração desta maneira, quem lhe roubou as rosas e deixou apenas espinhos, onde levaram suas asas e porque fizeste desta maneira. As flores se perguntam quem deixou de regá-la, quem não a adubou. Os beija-flores se perguntam quem deixou de beijá-la. Os sonhadores se perguntam porque desistiu de sonhar. Os olhares se questionam porque ela deixou de sorrir, quem a fez se esfriar, quem esqueceu de acolhê-la. Questionamentos mil, nenhuma resposta, nenhuma explicação, ela era a única que poderia respondê-los, mas lhe tiraram a voz também. Vazia, só e perdida, a ajuda não alcança seus braços, as palavras não encontram seus ouvidos, o socorro não aparece.”

Natália Bap

Nenhum comentário:

Postar um comentário