terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Escrevo a tristeza.


“Uma inquietude no ânimo, uma vontade louca de ir viver, de escrever e esvaziar-se de toda a dor. Deixar a mania de se prender, de selar o coração que já bate acelerado, só por bater. Vontades dessas que vem e se vão, dessas que a gente não guarda mais. Preguiça de buscar o que lhe faz bem, de arrancar sorrisos, de fazer o que lhe convém, preguiça de vestir um sorriso qualquer e ir regar as flores que plantei, corações murchos bailam por aqui, paixões que não mais são alimentadas, palavras soltas e vazias, não faz mais sentido mas mesmo assim são escritas só pra me libertar, os olhos encharcados sofrem em silêncio para não manchar a folha do cartão. Escrevo a tristeza por não saber descrever a felicidade, fecho e enlaço o presente que um dia chegará a ti, e será tarde demais receio. A intensidade desse desamor perdura mais que a alegria que se esvazia. Foge-me mais o medo, era maior quando menina vivia a brincar. As alegrias não mais me consomem, não alimentam mais minha vida, que arde entre os espinhos da flor da minha amargura, que cresce e cresce. Se perguntares o que me tornou assim, responderia que foi a bobeira de sentir, de viver o que se sente, de escrever o que se faz assim, não se sabe ao certo como irá acabar, mas apesar, sentir nunca será um erro. Minhas mãos ficam trêmulas a cada palavra que rabisco na esperança de me sentir inteira mais uma vez, e não importa quantas caricaturas elas apresentem, sempre terá a minha marca, minha cicatriz.”

Natália Bap

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